Como um farol. Para que desejes voltar.
Chegou o fim-de-semana. O primeiro (e único, espero cá dentro) em que vou estar separada de ti. Em que não vou meter-me de autocarro, ou apanhar boleia solidária até ao cantinho onde repousas ao sol, todos os dias do teu Verão.
Sabe-me bem, saber que estás na tua paz. Só custa um bocadinho, como todos os anos, que eu não faça estritamente parte dessa tua paz.
Mas sim, digo-me a mim própria, repetindo interiormente o que tantas vezes me explicaste pacientemente, eu faço parte da tua vida, e é importante para ti que assim seja. Simplesmente estamos a fazer uma lavagem na relação. Como os lençóis da cama que têm de ser arejados, como os tapetes que estendemos e sacudimos, as janelas que abrimos para deixar que a brisa lave o cheiro à casa. Ou as cortinas de Inverno, escuras, pesadas e porosas, que dão lugar às leves cortinas de Verão, vaporosas e claras.
Vão escorrer uns onze dias até que te veja. Quatro deles já passaram. Sem dificuldade, como o vento, que passa em qualquer fresta.
Mas saber o quanto estarás sorrindo, sem que para esse sorriso lindo eu contribua... saber que se compõem gargalhadas a partir da tua boca sem que eu possa ouvi-las... saber que não precisas de mim para as cantar... dói um bocadinho. Não poder fazer parte dos teus dias felizes faz-me questionar porque me amas, ou se precisas de mim.
Já sei que enquanto leres estas palavras, vais pensar "que texto tão triste! quero é ver-te feliz!"... mas isso não é verdade! Para aqui escorro as preocupações, para poder ficar mais leve. Só isso.
Entretanto, vou procurando colar as minhas pecinhas, que andam baralhadas nos dias, e fazer delas um sorriso. Mas um sorriso interior, que faça luz e chegue para iluminar o exterior. Que dê luz à casa. Para que tenhas saudades e desejes voltar.
Até já!
*Fotografia por Ágata Areias
Comentários
Acredito que estes dias em que estamos separados nos fazem bem, secalhar a ti custa-te mais do que a mim mas quem ganha com isso é a nossa relação... pelo menos eu acredito nisso.