Aos verdadeiros

Aos amigos verdadeiros.

Tantas vezes... descobrimos, que, depois de um amor eterno, nem a amizade foi de modas. Nada sobrou.
Tantas vezes... damos por nós rodeados de pessoas, e num momento cheio de calor, dizemos para nós mesmos "amigos para sempre". E somos! Até que um deles se zangue por "dá cá aquela palha", vai cada um para seu lado e dali a um ano já nem se lembram daquele calorzinho - só sobra a lembrança das coisas más que essa pessoa fez.
Como se costuma dizer, passar de "bestial" a "besta" é um instante...
Quem nunca passou pelo desgosto de convidar vinte amigos para uma festa, acabando-a com quatro ou cinco gatos pingados, mais um que tem de ir embora cedo, e outro que foi só lá dar um beijinho? Acontece a muitos, ou se calhar só a mim, não sei. Mas fez-me crescer, e fez-me perceber quem são os verdadeiros...

E a esses verdadeiros ergo o copo. Vou aprendendo, ainda um pouco aos tropeções, a reconhecer esses tais.

Esses que não se mascaram, que deixam tudo à vista - esses que um dia nos dizem que somos especiais, assim, inesperadamente. Sem que nunca tivéssemos suspeitado, porque não são pessoas de tecer elogios rasgados, dizem-nos que somos "um mimo". E que, mais que não seja através de pequenos gestos ou palavras, fazemos uma ligeira diferença nas suas vidas.
Esses verdadeiros que nos devolvem a inspiração para escrever, nem que seja só para lhes agradecer... desbloqueiam-nos medos e devolvem-nos a vontade de sonhar.
Por serem apenas eles mesmos. Por se rirem das nossas piadas. Por esperarem por nós a meio das escadas. Por partilharem connosco um pormenor a mais das suas vidas, no decorrer de mais um dia. Por conversas entornadas à vontade, fluidas e sinceras, sem cerimónia nem desconforto. Por parecer que os conhecemos desde sempre. Pela sua presença constante e forte. Por nos dizerem que somos bonitos, pintando de laranja um mundo que andava cinzento... Por nos fazerem acreditar em nós, só com o olhar. Por nos fazerem admirá-los.

Por esses, que a boca sorri quando chama "amigos".

Por esses tão poucos, mas que são tanto.
Obrigada**