Cartas perdidas
"Acho que estou a perder a vontade de falar contigo... acho que isso não é muito bom sinal, pois não? Também sei que se passa por fases, que por vezes as coisas não são bem o que parecem, e a nossa cabeça exagera aquilo que temos à nossa frente.
Às vezes perco-me no tempo, de olhar agarrado ao vazio, a pensar em nada como se o mundo estivesse parado. Detesto quando isso me acontece, pois quando acordo apercebo-me de que perdi tempo da minha vida a vasculhar no nada, numa imensidão apática e imunda de sentimentos.
Às vezes penso que já não te quero... e isso é triste, porque eu amo-te. Mas eu sei que já não lês as minhas cartas, já não esperas de passo inquieto junto à caixa do correio por meia dúzia de linhas escritas por mim. Já não tremes ao ler palavras como "amo-te" e "fazes-me feliz".
Tenho saudades tuas... saudades do teu jeito apaixonado e com necessidade de mim.
Ainda assim, continuo a escrever-te, na esperança de que alguma das minhas palavras te façam acordar e voltar para mim... reparar em mim."
Cartas perdidas numa gaveta de solidão.
Pontes de Madison County. Leite quente. Pulseiras de ráfia. Lágrimas escondidas...*
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