Alma inquieta
Os dias soltos, sem páginas para os numerar. As horas folheadas sem alegria. Não se sabe porquê....
Um movimento brusco na sua direcção. Encolhe-se.
O passado vem colado àquela mão que dela se aproxima de repente. O coração acelera. Fugiu de tudo isso. E sabe-o. Mas não naqueles segundos demorados... só momentos depois se apercebe da tolice anunciada no seu gesto de medo. A vergonha chega, depois.
Era só uma brincadeira. Não há razões para ter medo. Não mais...
Vá lá... não faças isso, senão alguém pode perceber... podes tornar visíveis essas marcas no teu corpo, há muito invisíveis, mas que em tempos te castigaram cada palavra, e deixaram a tua alma pequenina e afundada em lágrimas.
Não penses nisso, dizem. É fácil não ter passado por isso e achar que não merece que se perca tempo a pensar em coisas que já foram.
Mas o piscar dos seus olhos a cada aproximar de uma mão ainda lhe denuncia o medo. A alma inquieta...
Sentes-te pequenina, hoje. Mas amanhã já passa...
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