O amor para as borboletas
Pensando nas borboletas, sei desde logo observar o óbvio: o amor é-lhes leve. Esta análise cuidada tem por base um sem-número de observações das borboletas no seu estado natural, o que me eleva ao estatuto de especialista nas emoções das borboletas. Dei-me inclusivamente ao trabalho de não permitir que elas me vissem, de forma a não interferir nas suas acções. Dizia eu então que nas suas asas de pétala de flor, cabe um mundo inteiro de sonhos - mas tem de ser um mundo leve, delicado. Ora, como todos sabemos, o amor pode ter tanto de ligeiro como de abrupto. Como explicar, então, que a fragilidade de uma borboleta seja capaz de arcar com a energia do amor? As suas antenas captam o amor a léguas; uma borboleta pode deslocar-se quilómetros infindáveis, em busca desse travo picante que se imprime na brisa. A mesma brisa que ora lhes empurra as asas, ora lhes faz resistência ao corpo adocicado. Mas elas perseguem, incansáveis, a resposta ao seu desejo, para lá do sol posto. Lá chegada...