Essa senhora, a humildade.
Às vezes, a humildade decide fazer obras na minha alma. Entra grosseira e mal-humorada, de sinal vertical na mão, com um capacete amarelo e tudo. Avisa, resmungando, que o pavimento tem de levar remodelações. Não explica aos transeuntes admirados de onde veio a ordem. Não pára para pensar no que vai fazer; simplesmente vai a direito a destruir estrada, como um alfaiate que corta tecido sem olhar nem medir. Age sozinha. A humildade supostamente é uma qualidade, pensam vocês agora. Pois é. Só que em mim ela não produz a delicadez de uma donzela, mas sim os modos de um taberneiro mal encarado. E é assim que nasce o sentimento de pessoa pequenina . Sem prejuízo para os baixinhos, pois refiro-me a pessoa pequenina por dentro. Pessoa que não vale o esforço. Anda uma pessoa a querer transformar-se, crescer. E chega-me esta estarola e faz cada buraco que até faz fumo. Mas hoje eu sentei a humildade à minha frente e obriguei-a a ouvir-me. Expliquei-lhe em tom condescendente qu...