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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

Coisas boas

Ia a caminho de casa às 22h da noite, depois de duas horas de dança. O silêncio era tal, enquanto caminhava, que dei pela chegada dos chuviscos. Dei por mim a deter-me no meio do caminho. Que som é este? Um tamborilar ténue. Um gotejar doce. Primeiro uma, depois outra, lentas e inseguras aos meus ouvidos. Podia ser só impressão minha. Guardo a respiração para mim e ponho-me a escutar. Silencio as pressas. A Terra está de braços abertos, a receber silenciosamente. Senti esta energia na pele, no troço de pele despida do pulso, no cabelo preso no alto da cabeça. Ouvi uma gota a esparramar-se sobre uma folha, outra sobre a relva. Uma após outra, numa combinação louca de instrumentos. Sinto-me como se tivesse entrado numa sala e surpreendido um momento íntimo, do qual não consigo fugir agora. Fico a observar, a sentir. O valor do silêncio. Traz-nos pequenos instantes como este. Em que em vez de corrermos para dentro de casa a fim de evitar a chuva, escolhemos aguardar este "esbarr

O poder de um baú

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Nada como abrir o baú do modesto "enxoval" para recuperar perspectivas. É um baú de madeira, pequeno, de tampa pesada. Está escondido no sótão, e raramente o abro. Hoje abri-o, para lhe juntar uma caixa de agulhas e alfinetes, que um dia me poderão dar um jeitão nos remendos. Olho para as pegas que trouxe de Londres na minha viagem de finalistas; para o bule chinês com os copos de chá; para o avental que a minha avó me comprou, da sua cor favorita, amarelo. Levanto dois panos com motivos orientais, e o quadro de prata com o Buddha talhado; desta feita, coisas que eram dos meus pais e que adornarão o meu cantinho. Encontro o serviço de café colorido que me deu a futura "sogra"; sorrio, pensando como desejo um dia poder servir-lhe um café naquelas mesmas chávenas! Encostado a um dos lados do baú, está um tabuleiro de plástico, com desenhos coloridos de fachadas de prédios de Paris. Imagino este tabuleiro a viajar com muitos pequenos almoços até à nossa cama...

À descoberta.

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Agora [e por enquanto!] cheia de tempo, vou procurando a história que em mim está ainda por descobrir! Leio livros que me inspiram. Recorto palavras e expressões. Guardo sensações no coração. Como recortes de jornal numa caixa de sapatos, à espera de uma oportunidade para as juntar e com elas fazer sentido. [para mim? para os leitores? não sei.] Existem personagens em mim, que vou conhecendo, coleccionando e guardando. De coisas que sei, vejo e vivo. Baseadas em pessoas. Baseadas em mim. Baseadas em misturas de essências e existências. Sei que uma dessas personagens anseia especialmente por existir, nas páginas de um livro. Uma delas [talvez uma apenas. talvez mais.] vai ser capaz de me ocupar os dedos por dias a fio, com uma história de princípio meio e fim, escrita à desgarrada, como tudo o que em mim brota: intenso, com um quê-de-louco, e esperançosamente bom. Existe uma corrida desenfreada à espera de ser provocada, mas eu ainda não descobri, no meio desta meada, onde está es