Coração. de verão.
As mãos um pouco mais apertadas, as saias um pouco mais soltas, os passos mais leves. E a música mais alta e mais alegre, como os dias. Saem as flores, mostram-se os passarinhos e os gatos bebés. As folhas agitam-se, agora sem pressa de serem colhidas pela chuva, mas antes a rebolar-se ao sol. A luz invade as janelas agitando os cabelos. Os primeiros gelados, saboreados com prazer de criança, e as chinelas a saírem do armário para enfeitar os pés cansados de meias pesadas. A pele mais macia, o cabelo também. A cor acorda, nas roupas, nas plantas e no céu. Engordam os gatos que iam para a malandragem, foge o incenso colorido de cheiros pelas janelas das senhoras. Abrem-se as janelas depois de fazer amor. Suam, os namorados. E os beijos são mais saborosos. Esticam-se os pés e as pernas, caem gargalhadas como bolas de sabão. Abanam-se os fios de contas coloridas nos peitos afagados. Roçam os cabelos nas costas nuas, fazem-se cócegas na pele despida de frio. Vagueiam cheiros de bolos e bis...