Diário de um espelho partido...
Subiu e desceu uma, outra, e outra vez. Já sem fôlego continuou a calcorrear quilómetros, sem sair do mesmo espaço limitado do seu degrau. Não se permitiu parar para descansar. Enquanto as outras se deixavam cair no chão para recuperar a respiração, ela, já tonta, convencia-se de que o mundo é que estava a andar à roda, não os seus olhos, já desiquilibrados, a queriam fazer parar. Porque nada na sua cabeça lhe dizia que devia parar. Tinha de continuar, e não parecia difícil, embalada que estava pelo ritmo, imersa naquela jiga-joga que repetia uma e outra vez, como se não pudesse evitá-lo. E quando por segundos lhe ocorria que não aguentava mais, forçava-se a olhar para instrutora. Instruía-se mentalmente a focar o olhar já turvo naquelas curvas perfeitas, que nem Deus nem os seus pais tinham criado sozinhos. Ela sabia que um corpo tão bonito tinha que ser fruto de muito exercício, e de não comer, claro. Porque só quem não come é que pode ser assim tão perfeito. Bastava isto para que, n...