O meu candeeiro de sal
És o meu candeeiro de sal. Apago todas as luzes e só ficas tu. Dominas as sombras e brincas na escuridão, com o teu tom relaxante de pôr-do-sol privado, ali no meu quarto, fechado e afastado do mundo inteiro. Fecho os olhos e continua essa presença, ténue, no entanto sempre lá. Uma onda de calor redonda e leve nos ouvidos, na boca, nos olhos cerrados, com o seu aroma amarfanhado e queimado de vela que arde, devagarinho, alimentando os sentidos. Tudo o resto desaparece, fica o mundo, só, o meu. A respiração é o cerne, transportando tudo o que é mau para fora de mim, e inspirando calma, paciência, bocejo. Concentra-se o mundo no tique-taque do relógio e eu, sem pressa, deixo-me ficar de sorriso solto na boca a sonhar com pensamentos mudos, vazios. E quando abro os olhos, o sorriso continua cá pendurado, e perdura... Meditação é magia feita por nós, a nós mesmos. O que é que vos acalma?