Existência denunciada por uma dedada...
Dedadas cinzentas na minha janela denunciam presenças passadas no meu quarto. Percorro as quatro janelas que acendem o dia ao meu leito, em busca de algum passarinho pendurado no chorão, que espreita aos vidros da minha privacidade. Oiço-os cantar alegremente, quais caixinhas de música, enchendo o peito de segredos e de jóias, cartas de amor e promessas. O sol percorre as folhagens da árvore, fazendo-as brilhar como se elas próprias dançassem coladas aos raios de luz! Há um caminho a percorrer, nesta manhã ocupada de luz. Entretenho a minha própria cabeça com os planos, as coisas a fazer. Dispo a roupa à cama, faço-a de limpo, sem nunca desprender o olhar da vida que se desenrola lá fora. Sinuosas nuvens passeiam pela calçada azul do céu, enquanto as esculpo com o olhar. Entretanto, a manhã transformou-se num início de tarde, vagarosa de se mastigar, fresca e leve como o silêncio. E é assim, em silêncio, que desço à terra e acordo para ti. Estás a meu lado, sem que eu sequer tivesse d...